quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Portagens nas Auto-Estradas do Interior...o preço da interioridade?

A Concelhia da JS de Fornos de Algodres revê-se na íntegra na tomada de posição dos nossos camaradas da Concelhia da JS de Trancoso, assim como da Federação Distrital da Guarda da JS, acerca da introdução de portagens nas auto-estradas do interior do país.

Trasncrevemos assim o comunicado dos nossos camaradas.

Em reunião de militantes, a Juventude Socialista de Trancoso decidiu tomar posição acerca da prevista introdução de portagens nas auto-estradas do interior do país. Assim, e pese embora o regime de isenções previsto, a JS desta concelhia manifesta-se contra o principio de universalidade de pagamento por este pressupor uma inexistente simetria territorial em Portugal e não se coadunar com determinados princípios de justiça social. O projecto de introdução universal de portagens, que resultou da imposição feita pelo PSD ao Executivo, é um rude golpe para o desígnio de construir um país territorialmente mais equilibrado.

Assim, a JS Trancoso considera que o não pagamento de portagens nestas vias tampouco devia considerar-se um caso discriminação positiva, mas antes um acto de justiça para com as populações que, contribuindo de igual forma com os seus impostos, têm assistido há décadas a investimentos assimétricos que privilegiam despudoradamente uma faixa do país em detrimento da outra. O interior não tem tido mais que as migalhas dos investimentos realizados em Portugal, resultando essa situação em serviços de saúde deficitários, ofertas educativas residuais e num tecido económico moribundo, factores que apontam o abandono do território como a única solução no horizonte. Poder circular em vias sem portagens (que grande parte das vezes foram edificadas sobre as supostas “alternativas”) parece, na perspectiva desta estrutura, um justo direito que assiste uma população indefinidamente relegada para um segundo plano de importância.

Porque o estado de fragilidade em que o interior do país se encontra dificilmente poderá comportar um revés desta natureza, a JS Trancoso associar-se-á a todas as formas de protesto que possam contribuir para evitar tamanha injustiça social.

Comunicado JS – SCUTs 10-2010

8 comentários:

  1. Gostava de saber também a vossa posição sobre os cortes nos Abonos de família, nos salários, no aumento do IVA e no congelamento das progressões de carreira?

    Se o estado social como tanto defendem é constituído apenas por autoestradas de utilização gratuita, e se nada do que referi anteriormente for, esse sim, um atentado contra o "estado social", demonstram aqui alguma coerência...o que eu duvido!

    Sem mais de momento!

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  2. Caro André, antes de mais obrigado pelo teu comentário. É para nós um privilégio disponibilizar este meio para que todos os jovens possam interagir connosco, mesmo que discordem de nós!

    Pois bem, em relação ao que escreves a nossa posição é clara.

    Somos completamente contra a introdução de portagens nas auto-estradas de regiões sub-desenvolvidas, nomeadamente no interior porque as mesmas irão agravar ainda mais as assimetrias entre litoral e o interior!

    Concordas connosco? Ficámos na dúvida ao ler o teu comentário!

    Em relação às medidas que referes, todas elas são medidas impopulares, mas maioritariamente necessárias, conforme comprova a reacção dos mercados ao seu anúncio!

    De entre as medidas, não concordamos com os cortes nos abonos de família, uma vez que os mesmos podem vir a potenciar situações de pobreza numa população que ja detém a seu cargo uma enorme carga fiscal. No entanto quanto a esta temática convém elucidar-te que foi este o governo que aumentou em 2,6% o valor dos abonos de família ao contrário do anterior governo PSD.

    O grande ataque ao abono de família foi efectuado por um governo social democrata, com o titular da pasta das finanças de nome Bagão Felix (deixo aqui um link que talvez possa ajudar, http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=656079), portanto quando falamos em Abono de Família e Estado Social estamos conversados!

    Estamos certos das dificuldades dos tempos, mas o que o PS nunca fará é baixar os braços, à espera que as coisas se resolvam, sendo que a defesa do Estado Social será sempre uma imagem de marca deste partido. Este governo conviveu com duas das maiores crises financeiras da história, nomeadamente a crise do sub-prime (com origem nos E.U.A) e a crise da dívida grega (que chegou até a colocar em causa o Euro)! Estas crises colocaram a "nu" todas as fragilidades estruturais do nosso país. A verdade é que o Governo tem conseguido dar uma resposta capaz a todas estas adversidades, promovendo inúmeras reformas em sectores como o da segurança social, educação, saúde, lei financiamento autarquias locais, pelo que acreditamos que tal como antes, teremos a capacidade para dar resposta aos problemas que se nos colocam!

    Entre congelar progressões de carreira, reestruturar todos os serviços públicos, aumentar IVA, cortes salários na função pública e... liberalizar os despedimentos, privatizar a saúde e educação (pelo estas são as propostas conhecidas de revisão constitucional, se fosse programa de governo o que mais aí viria) o que te parece mais correcto na defesa de um estado social?

    Um abraço,

    Juventude Socialista de Fornos de Algodres

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  3. Em relação à introdução de portagens nas SCUTs, concordo com a universalidade. A questão da pobreza é relativa, eu estudo no Porto e todos os dias deparo-me com pessoas com reais carências económicas, claro que há mais empresas e por consequência empregos, mas mesmo assim é uma região pobre, se fosse pelo critério do subdesenvolvimento, não tinham sido introduzido portagens em lugar algum. É mais uma despesa nos bolsos das famílias, da minha inclusivé, mas seria justo alguém que não as utiliza contribuir com mais impostos para a sua manutenção?

    Quanto ao abono, o aumento antes (antes das eleições) atribuído vai ser agora cortado, e agregados familiares com rendimentos anuais superiores a 8803,62€ vão deixar de receber (ou seja, um agregado com 9000€ por ano, 9000/14=643 por mês, composto por 2adultos 643/2=321€ por mês..concluindo alguém que ganhe abaixo do salário mínimo deixa de receber abono! Justo?).

    Quanto à crise do subprime, ela iniciou-se em 2006, potenciando a crise económica de 2008. Ora nas palavras dos vários ministros do Governo Socialista, até Setembro de 2009 o nosso país vivia num mar de rosas. Até foram feitas promessas entras as quais: Não aumentar os impostos(aumentou IVA,IRS e IRC),redução do défice apenas pelo lado da despesa (aumentou a despesa) ,prometeu a criação de empregos (Desemprego bateu máximos históricos, se criou empregos deve ter sido para os seus Boys),prometeu ainda fazer com que a economia crescesse 3% ao ano (estagnação, e advinha-se uma recessão). Enquanto outros países enfrentaram a crise mais rapidamente, o nosso país por questões meramente eleitorais deixou arrastar. O mundo não mudou num ano, como querem fazer transparecer!

    Quanto à especulação dos mercados, já em Maio tinha sido aprovado um duro PEC II, que supostamente vinha resolver os problemas, mas então o que é que falhou?

    O estado social não se financia sozinho, não sejamos irrealistas. O que entendo na proposta do PSD, é que quem tiver maiores rendimentos pague mais. É justo alguém que ganhe o ordenado mínimo pague tanto como quem ganhe mais de 2000€ por mês? Além de pagar o mesmo, normalmente ainda tem mais facilidade de marcar consultas porque conhecem mais facilmente os médicos, ou vêm directamente dos consultórios privados (sabe-se que isto é recorrente). No meu entender, o pagamento de taxas moderadoras (sim porque a saúde não é gratuita como o PS quer fazer parecer) devia ser feita através de escalões, o cruzamento de dados com a segurança social deve ser possível, e assim quem ganhasse mais pagava mais, quem tivesse menos rendimentos não pagava ou pagava muito menos.

    A flexibilização dos despedimentos como é sabido é apontado como um dos nossos calcanhares de Aquiles, no entanto sei que é uma matéria muito sensível, que deve merecer uma profunda reflexão.

    É uma modesta opinião (cada um terá a sua)!

    Com os melhores cumprimentos
    André Braga

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  4. Enquanto continuarmos a dizer: "que nós fizemos isto, mas os outros fizeram pior" não nos vai levar a lado nenhum, antes pelo contrário, mostra que estes nossos políticos provêm todos da mesma escola e os resultados serão sempre tão iguais que já não se diferenciam cores, muito menos ideologias.
    Os partidos políticos, que nos anos seguintes ao 25 de Abril tinham todos como base da sua acção politica, ideias e convicções fortes, vivem agora na sombra do imediatismo de eleições bem como a serventia a sua própria clientela partidária, assim que se apanham no poder.
    O único caminho é uma cidadania participativa, "sem rótulos ou cores"!

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  5. Eu concordo que quem andar nas auto-estradas deve pagar, posso e nao concordar com os precos a pagar, que sim esses parecem exurbitantes!
    No que toca a que sao as AE que vao trazer o desenvolvimento isso nao tem sido, e infelizmente nao creio que ira mudar, com portagens nem sem elas.
    Vou apresentar-lhe o exemplo do seu municipio que eu conheco muito bem.
    Era muito mais vivo e movimentado e com muito mais gente, quando era unicamente servido pela EN16! Construiu-se a IP5 que iria trazer desenvolvimento, realmente trouxe algum mas foi sol de pouca dura, pois so deu ladroes e vigaristas e uma zona industrial que podia ser a ancora do municipio, e uma triste realidade de pavilhoes ao abandono e em ruina.
    Construiu-se a A25 sobre a IP5 o que foi errado pois deixou de haver alternativa viaria, mas nada mudou, a populacao continuou a descer, e Fornos que na decada de 50 do seculo passado era muito melhor que Celorico e Aguiar da Beira, foi ultrapassada ate pela ultima destas vilas, e como ve, com ligacoes muito melhor que eles.
    O que Fornos e todo o "interior" necessita como de pao para a boca, nao e esperar que venham os de fora fazer e trazer tudo, tem os fornenses que arregacar as mangas e lutar contra as adversidades e, rapido por que a assim nao acontecer, o que se passara e o que ja se propoe ha muito na capital: "a extincao de municipios com menos de 10.000 habitantes".
    Para mim o que as auto-estradas do interior tem potenciado, e conseguirem por os poucos habitantes que tem resistido, e o de seguir o caminho mais rapido; (auto-estrada) para ser mudar para a cidade ou para o estrangeiro.

    Pode escreve-lo que lho digo eu, nao seram nunca as auto-estradas, que viram trazer o desenvolvimento de concelhos como o seu!

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  6. Caro anónimo,

    a análise que faz da importância da auto-estrada para o desenvolvimento do nosso concelho tem algum sentido, no entanto, parece-nos demasiado evidente que ninguém poderá esperar que a existência de uma auto-estrada por si só consiga atrair investimentos e gerar desenvolvimento para uma região!

    Ora esse é o papel do poder local! O papel do poder local é potenciar todas as mais-valias existentes no seu concelho na procura de investimentos que gerem desenvolvimento e empregos para os nossos jovens e para todos aqueles que por aqui gostaríam de ter um projecto de vida. Garanto-lhe que caso tente atrair um investimento para qualquer concelho deste país, uma das primeiras e mais importantes questões colocadas pelos empresários, é ACESSIBILIDADES!

    Este é o nosso ponto de vista e acreditamos que uma discriminação positiva a este nível seria extremamente importante no desenvolvimento do Interior!

    Cumprimentos e obrigado pelo comentário,

    Juventude Socialista de Fornos de Algodres

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  7. Caro André a pobreza do Interior face ao litoral não é relativa, é real! Não sejamos ingénuos...O litoral tem toda uma dinâmica de desenvolvimento que lhe permite captar empresas, criar emprego, que o interior não tem!

    Repara bem no teu caso...estudas no Porto. Foi tua opção ires estudar para o Porto? Se tivesses o curso que andas a tirar na tua zona residencial, com as mesmas condições ao nível de professores, infra-estruturas terías ido para o Porto estudar? Tens noção da quantidade de jovens do Interior que vão enriquecer o litoral por não termos nas nossas regiões um ensino superior de qualidade que permita aos nossos jovens não aumentar os encargos das familias do interior? Repara vais para o litoral estudar, a tua familia tem de pagar casa, transportes (carro / transportes públicos), tu e a esmagadora maioria das famílias do interior pagam impostos diários de valor elevadíssimo por causa da falta de condições equalitárias nos nossos concelhos!

    Ora uma auto-estrada é um factor de desenvolvimento regional! Estamos de acordo quanto a isso...certo?, pelo que somos da opinião que as portagens por um motivo de solidariedade inter-territorial não deviam ser pagas no Interior, uma vez que só com uma verdadeira descriminação positiva, poderá ser possível conseguirmos atrair investidores, empresas e criar emprego sem ser nas Câmaras Municipais para jovens que como tu estudem fora da sua zona residencial e queiram vir lutar pelo futuro das suas terras!

    A nossa oposição é clara: SOMOS CONTRA A INTRODUÇÃO DE PORTAGENS NAS ZONAS SUB-DESENVOLVIDAS DO PAÍS.

    Quanto ao abono, uma primeira questão...foi ou não o PS que aumentou o abono de família?

    Para a redução da despesa, em 2011, o Governo decidiu quanto ao abono de família:
    ■ Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1. º e 2.º escalões e eliminar os 4.º e 5.º escalões desta prestação.

    André já referimos anteriormente não concordamos com esta medida. Convém no entanto referir que tens um erro quanto a nós na formulação do cálculo, uma vez que um ano são 12 meses e dividiste por 14, devido ao número de salários recebidos durante o ano.

    Quanto à crise do sub-prime e à proposta de privatização do SNS e da Educação do PSD, assim como da liberalização dos despedimentos, é uma conversa demasiado longa, para ser discutida num blogue, no entanto deixamos apenas uma nota que é demasiado importante para ser deixada passar em claro:

    Neste país o sistema fiscal é progressista, ou seja os que recebem mais pagam mais imposto, os que recebem menos pagam menos imposto, pelo que esse argumento é na nossa modesta opinião inexistente.

    Cumprimentos,

    Juventude Socialista de Fornos de Algodres

    P.S: Colocamo-nos desde já disponíveis para que caso assim o pretendas, agendemos uma reunião na sede da JS em Fornos de Algodres, para debatermos estes e outros temas que possas querer ver esclarecidos.

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  8. Quanto a mim, acho que as AE são um pilar de desenvolvimento local, assim os autarcas locais, as saibam aproveitar, caso contrário concordo que também são um elemento de fuga.~
    Falando do nosso conselho, acho que não foi bem aproveitada esta obra. A nossa antiga zona industrial, ou amontoado de pavilhões, sem infra-estruturas feitas, nomeadamente arruamentos ou saneamentos. Qualquer possível investidor que ali se deslocar, foge sem sair do seu carro, com o medo de que saia algum "lobo" dos silvados que são em abundância nos lotes não ocupados. Na nova Zona, em Juncais,o que já de bom ali se fez para atrair investidores. Nada a não ser pagar pelo terreno cerca de 100.000 contos em moeda antiga, mais o que se gastou com a terraplanagem e estadia dos militares do exercito. Não me engano muito de disser que ali foi gasto outro tanto dinheiro.
    Este espaço já foi aproveitado para alguma coisa, resposta, Não.
    Ali foi feito um alinhamento em cimento, na altura das últimas eleições, todos sabemos para quê. Mesmo que venha ali a ser feito o pretendido, ninguém sabe o que é, já deram cabo de toda a zona, pois foi ocupado o melhor espaço e todo junto à via rodoviária. Pergunto eu quem quer ir para a parte de trás?.
    Concluindo, assim a AE não trás desenvolvimento, se continuaremos a não atrair todos os empresários e não só aqueles que interessam a alguém.

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